Como o “tarifaço” do Trump impacta a gestão de compras

As políticas de tarifas elevadas promovidas pelo governo Trump continuam provocando choques profundos nas compras corporativas globais. Os aumentos expressivos em aço, alumínio e cobre elevam os custos de insumos essenciais. Isso força gestores de compras a revisarem toda a cadeia: repensar sourcing, ajustar estoques, renegociar contratos e adotar automação e inteligência de dados para proteger margens e manter competitividade.

O que você vai ver neste post

Custos sob pressão: exemplos reais de impacto

Empresas globais de manufatura e varejo têm sentido o peso das tarifas de Trump. A Caterpillar enfrenta até USD 1,5 bilhão em custos extras este ano, e a Deere projeta prejuízo tarifário de USD 600 milhões debido ao aço mais caro — e ambas sofrem com queda na demanda, reduzindo a capacidade de repassar custos aos clientes. Florida Tech Online+2Investopedia+2Reuters
No varejo, analistas alertam que o Target poderá elevar seus preços em até 8 % para absorver tarifas de importação, quase o dobro estimado para o Walmart. MarketWatch
O cenário econômico segue instável, com incertezas quanto à continuidade, alívio ou expansão dessas tarifas. Mesmo ajustes recentes, como a extensão por 90 dias do congelamento de tarifação, não acomodam a imprevisibilidade que afeta decisões de compras globais. Financial TimesPolitico

Quebrando a previsibilidade: disrupções na cadeia global

Segundo análise recente, as tarifas têm prejudicado a precisão nas previsões de demanda e no planejamento de estoques, especialmente em modelos just‑in‑time, altamente dependentes de estabilidade nos custos e prazos. A volatilidade atual força muitas empresas a agilizarem decisões ou até suspenderem ordens por receio de sobrecarga de custos. Thomson Reuters
Maersk, gigante logística, reporta queda de 30‑40 % no volume de comércio EUA‑China em abril, redirecionando 20 % de sua capacidade logística para outros mercados asiáticos — demonstração de que redes de cadeia estabelecidas levam décadas para se reconstruir. Financial Times

Evasão tarifária e complexidade logística

A imposição de tarifas de até 145 % sobre produtos chineses tem incentivado práticas como transshipment (reexportação indireta via países terceiros), especialmente no Sudeste asiático. O governo Trump responde com fiscalização rígida, listas de itens suspeitos e controle aduaneiro reforçado. The Washington Post
Isso introduz complexidade adicional para gestores de compras que agora precisam validar origens, documentos de fornecedores e riscos legais em tempo real — sob risco de penalidades severas.

Adaptando a área de compras: estratégias concretas

Gestores de compras devem agir em cinco frentes para mitigar impactos:

  1. Diversificar o sourcing internacional, explorando fornecedores em países aliados ou emergentes (friend‑shoring) para reduzir dependência e riscos tarifários. Wikipedia
  2. Revisar contratos estrategicamente, negociando absorção parcial de custos ou cláusulas de reajuste programado conforme eventos tarifários.
  3. Ajustar políticas de estoque, criando buffer estratégico para estabilizar fluxo de suprimentos diante das flutuações tarifárias.
  4. Adotar forecasting com base em cenários, usando dados financeiros e de mercado para simular possíveis impactos e facilitar tomada de decisão.
  5. Reforçar compliance aduaneiro e controles documentais, validando moedas de origem e evitando penalidades e fraudes logísticas.

Esses pontos se conectam a materiais já produzidos no site, como “Strategic sourcing: perfil de gastos”, “Gestão de risco no processo de compras” e “Automação no procurement”.

Ferramentas essenciais: digitalização e análise estratégica

A crise tarifária acelera a necessidade de ferramentas que aumentem visibilidade, agilidade e governança:

  • Plataformas de procurement digitalizadas, como sistemas integrados com ERP, que centralizam cotações e histórico de negociações, facilitando decisões sob incerteza.
    Veja “Sistema de compras: vantagens”.
  • Business intelligence e reporting dinâmico para monitorar categorias mais expostas, identificar savings e recalibrar KPIs. Veja “BI na gestão de compras”.
  • Modelos de TCO (Total Cost of Ownership) que levem em consideração tarifas, logística, compliance e custos ocultos. Um tema explorado em “TCO e sustentabilidade”.

Quadro comparativo: gestão antes e depois das tarifas

AspectoAntes das tarifasApós o “tarifaço” do Trump
Lead timesEstáveis e previsíveisVoláteis, exigem buffers estratégicos
Custos de insumosBaixos ou controladosEm rápida elevação, afetam margens
Cadeia de suprimentosOtimizada e globalizadaReconfiguração com friend-shoring
Compliance e RastreioModeradoIntensificado, exige documentação robusta
Ferramentas usadasPlanilhas, ERP básicoBI, procurement digital, TCO

O que fazer?

O “tarifaço” de Trump elevou os custos e transformou a gestão de compras em missão crítica e estratégica. Há impactos concretos, desde custos de insumos até logística global. A resposta exige adaptação rápida: diversificação de fornecedores, buffers de estoque, automação e inteligência de dados são não só recomendáveis, mas essenciais.

Se sua empresa ainda está em modelo reativo, este é o momento de avançar para um procurement proativo, resiliente e inteligente.

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